HORIZONTE INSPIRADOR DA CLAR
FAÇAM TUDO O QUE ELE DISSER. JÁ É A HORA.
ENCONTRO COM A VIDA RELIGIOSA CONSAGRADA DO BRASIL
Hna. Gloria Liliana Franco
Echeverri, odn
Agradeço
a Deus por esta possibilidade de estar na terra dos homens e das mulheres que,
com o testemunho de sua vida, de seu profetismo, animaram nossa formação.
Desejo fazer memoria especial de Dom Pedro Casaldaliga.
Tenho
a sensação de que a Vida Religiosa Consagrada se encontra justamente neste
momento da noite em que tudo está em absoluto silêncio, como esperando que
ressoa a Palavra, capaz de fecundar, de conferir sentido e missão, de assinalar
o rumo e dar alegría ao ser.
São
João da Cruz escreveu, no século XVI, o poema “A noite escura da alma”, um dos
mais significativos e sonoros da história universal.
Em
1889, Vicent van Gogh encontrava-se recolhido no manicômio de Saint-Rémy,
quando pintou a noite estrelada, uma das imagens mais conhecidas e valorizadas
na cultura moderna.
São
dois exemplos que nos revelam a fecundidade da noite.
A
vida Religiosa Consagrada, imersa na espessura da noite, pode expressar-se em
toda sua beleza, sua plenitude e sua autenticidade. Hoje é mais frágil, menor,
está mais ferida e limitada, tem menos trincheiras e seguranças e, portanto,
está mais apta para pousar o coração no fundamental, para que, com humilde
ousadia, possa recriar-se no Deus que faz novas todas as coisas.
O
papa Francisco, consagrado por vocação e convicção, sabe bem que nosso momento
é fecundo e que, nesta noite prolongada, somente a centralidade em Jesus Cristo
devolverá à Vida Religiosa Consagrada sua identidade mística, profética e
missionária.
O
Papa tem falado à Vida Religiosa Consagrada com o calor do “amigo no Senhor”,
com a bondade do Pastor, com a claridade do mestre. Suas palavras nos devolvem
a origem e nos assinalam o norte. Ajudam-nos a manter a memória e nos tocam no
profundo do coração para curá-lo e para
enviarnos em condição de discípulos.
Suas
palavras encarnam um itinerário que nos ressoa:
Ser valores do Reino:
Sejam testemunhas de um modo distinto de fazer, de
atuar, de viver. Sejam valores do Reino, encarnados, homens e mulheres capazes
de despertar o mundo e iluminar o futuro. O testemunho carismático deve ser
realista e incluir também o fato de apresentar-se como testemunhas pecadoras.
Reconhecer nossa debilidade e admitir que somos pecadores nos faz bem a todos.
(82 A.G. 2013)
Faz alguns dias, escutei Carlos
Eduardo Correa, o provincial dos jesuítas na Colômbia, dizer: “a maneira que
Jesus tem de nos salvar, de nos levantar de nossa condição de pecadores, é nos
convidar a trabalhar por seu Reino”.
No gênesis de nossa vocação está essa
experiência profunda e vital que temos de um Deus que se aproxima de nossa
realidade e que, conhecendo o que somos, nos chama além da geografía de nossa
cotidianidade.
O olhar de Deus pousou amoroso sobre
nossa condição humana, frágil, pecadora, e essa experiência pessoal de ter sido
reconstruídos pelo amor misericordioso, constitui-se em um imperativo que nos
lança pelas partes do Reino, conscientes de que nos envia o sussurro da voz de
Deus, e nos compete “despertar o mundo”, animar essa vigilância ousada e
serena de quem, em condição de
sentinela, sabe-se corresponsável por seu entorno e chamado a contribuir para a
transformação da história, avivando sua identidade profética e missionária.
Um modo distinto de ser, de atuar, de
viver somente surge da arte da relação, somente se cultiva no encontro, somente
se valida na profundidade de uma
mensagem que consolida e configura nossa identidade. Daí a importância de
rezar, de permitir que ressoe em nós a Palavra, de nos aproximar do mistério e
contemplar os acontecimentos com olhar crente e esperançoso, de fazer do discernimento
uma atitude vital.
Qualquer relacionamento que tenha seu fundamento no amor e seja enriquecido
no encontro, faz a alegria crescer. Palavras do Papa::
Ser testemunhas da alegria. Que entre nós não vejam rostos tristes, pessoas
descontentes, porque um seguimento triste é um triste seguimento... A vida
consagrada não cresce quando organizamos belas campanhas vocacionais, mas
quando os jovens que nos conhecem ... nos vêem felizes homens e mulheres. Nem
sua eficácia apostólica depende da eficiência e poder de seus meios. É a nossa
vida que deve falar, uma vida em que a alegria e a beleza de viver o Evangelho
e seguir a Cristo é revelada ". (Testemunhas da Alegria C.A. 2014)
Ser
especialistas em comunhão:
Um matiz específico de nossa
consagração é a vivência comunitária. No carisma, que a cada um de nós foi
concedido, há uma tendência ao que se constrói com outros, em complementaridade
e corresponsabilidade, e isso exige abertura à diversidade, capacidade de
juntar ritmos, de combinar línguas, culturas, sensibilidades e visões. Supõe um
novo olhar contemplativo que nos possibilite descobrir o bem, a verdade e a
beleza que habitam em cada ser humano. Pedro Casaldáliga o expressa
simplesmente em um de seus poemas:
“O difícil outro,
O difícil eu,
O duro nós da comunhão”.
E o papa Francisco, seguramente, a
partir de sua própria experiência, nos diz: “A vida de fraternidade pode ser
muito difícil, porém é muito importante, é um testemunho. A falta de
fraternidade impede o camino. Se uma pessoa não consegue viver a fraternidade,
não pode viver na vida religiosa”.
.
Às vezes, há uma tendência para um
individualismo, que muitas vezes é uma fuga da fraternidade, e a vida de
fraternidade, se é mal vivida, não ajuda a crescer.
Os conflitos comunitarios são inevitáveis: existem
e devem existir, e o conflito deve ser assumido, não deve ser ignorado… Há que
aceitá-lo, fazê-lo próprio, acariciá-lo, sofrê-lo, superá-lo e seguir em frente.
Ante o conflito com um Irmão, com uma Irmã, devemos rezar e pedir a graça da
ternura (82 A.G. 2013).
Somente a ternura tem força para
corrigir erros, para deixar cair aquilo que desgasta energia e tira alegria,
para compreender e pôr-se a partir das entranhas no lugar do outro. Somente o
exercício cotidiano da ternura nos fará mais humanos e refletirá com maior
nitidez o rosto de Deus entre nós.
Em um mundo de polarizações e
individualismos, a comunhão é o maior testemunho que podemos dar a nossos
cidadãos. A utopia da fraternidade deve ser para nós horizonte de sentido.
Sois chamados a ser especialistas em comunhão. A
comunhão se pratica antes de tudo nas respectivas comunidades do Instituto. A
crítica, a fofoca, a inveja, os ciúmes, os antagonismos, não têm direito de viver
em nossas casas. O caminho da caridade que se abre ante nós é quase infinito,
pois trata-se de buscar a acolhida e a atenção recíproca, de praticar a
comunhão de bens espirituais e materiais, a correção fraterna, o respeito para
com os mais fracos… É a “mística de viver juntos” que faz de nossa vida uma “santa
peregrinação”. Também devemos nos perguntar sobre a relação entre pessoas de
diferentes culturas, tendo em conta que nossas comunidades se fazem cada vez
mais interculturais (Testemunhas da Alegria C.A. 2014).
Este peregrinar em alegria estamos
chamados a fazê-lo também intercongregacionalmente. Fazê-lo em um diálogo
carismático que torna possível que, à riqueza da intuição de cada fundador, se
adicionem outras sensibilidades que na diversidade de contextos geográficos e
históricos também se tornaram dom para a Igreja e dom da Igreja para todos.
O testemunho da amizade entre
religiosos de diversas congregações, os esforços partilhados por levar adiante projetos comuns, a busca
incansável de respostas aos desafíos do momento histórico é já evidencia de que
Deus está entre nós para fazer-nos um. O
horizonte é caminhar como irmãos e irmãs, em gratuidade, acolhendo nossas
diferenças, potenciando o melhor de cada um, construindo um projeto comum,
entoando a melodia da fraternidade.
Sair do
ninho que nos contém:
O discípulo missionário, tão próprio
da nossa identidade e tão recorrente nas reflexões da teologia atual, faz-se
nas expressões do papa Francisco, o itinerário que corresponde hoje à vida consagrada: “A vida consagrada é
profecia. Deus nos pede sair do ninho que nos contém e ser enviados às
fronteiras do mundo, evitando a tentação de domesticá-las. A perspectiva do
mundo é diferente se a vemos a partir do centro, e isto nos obriga a repensar
continuamente nossa vida religiosa” (82 A.G. 2013).
Somos
chamados a transpor fronteiras para contemplar com os olhos de Deus a realidade
de cada povo e as situações em que urge uma mão estendida, um coração capaz de
compaixão. Fomos convocados a nos lançar “mar adentro”, tendendo ao profundo, a
navegar sem medo, a lançar com constância e radicalidade as redes até que a
barca de nosso apostolado derrame fecundidade.
O
Papa insiste convidando-nos a transcender toda carapaça que nos fecha em nós
mesmos: “Não recue sobre si mesmo, não deixe que as pequenas lutas de casa o
sufoquem, não caia prisioneiro de seus problemas… Encontrarás a vida dando a
vida, a esperança dando esperança, o amor amando” (Testemunhas da Alegria C.A.
2014).
Abrir os olhos para detectar os lugares nos quais a
vida continua sendo ameaçada de morte e ser portadores de uma palavra e um
testemunho que permitam optar pela justiça, motivar o perdão, defender as
vítimas, repartir com generosidade o pão e as possibilidades, expressar o amor
com gestos de ternura.
Viver em estado de êxodo e de serviço, de itinerância e
peregrinação. Fazer-nos eco da realidade, comprometer-nos, tomar posição e assegurar
que todas nossas energías sejam investidas no trabalho pelo Reino, a partir dos
valores e critérios do Evangelho. Não cair no engano da autorreferencialidade,
do consumo, do individualismo e das teorías, dos modos e das posições que nos
dividem, desintegram ou acomodam.
Nosso compromisso profético é urgente, porém também há
pressa que abramos nosso coração aos mais pobres, para que sua voz, sua realidade
ressoe e nos desafie, nos confronte, nos incomode, nos converta.
Devemos pronunciar palavras que devolvam aos mais
fracos sua porção de esperança, de alegria e de dignidade. E oxalá permitamos
que sua vida, a dos mais pobres, seja a palavra que Deus usa para nos convidar
a viver com mais coerência e radicalidade nossa vocação de consagrados e
consagradas.
Cuidar da
formação integral:
O
discipulado é dom e aprendizagem, graça e conquista. E o Papa sabe bem que
nosso mundo se transforma vertiginosamente e que requer que sejamos
especialistas em humanização, líderes credíveis na vivência da comunhão,
competentes na arte de anunciar Jesus e sua Boa Nova: “A formação se baseia em
quatro palavras fundamentais: formação espiritual, intelectual, comunitária e
apostólica. O objetivo é formar religiosos que tenham um coraçaõ terno e não
ácido como o vinagre” (82 A.G. 2013).
As
palavras do Papa apontam que façamos do coração o sujeito da formação, e que
todo esforço formativo seja integral e nos conduza ao “mais” da entrega e da
missão. “Formar para ser testemunhas da ressurreição, dos valores do Evangelho,
para que formem e guiem o povo. Não estamos buscando gestores, administradores,
mas pais, irmãos, companheiros de caminho” (82 A.G. 2013).
A
meta é a formação de TESTEMUNHAS, de homens e mulheres capazes de dar conta de
seu amor, aptos para dar a vida no ordinário e para oferecê-la livremente no
extraordinário.
Enriquecer a
Igreja com nossos carismas:
O
padre Elías Royón, S.J., em seu artigo A graça do ano da Vida Consagrada,
assinala:
:
…a vida
consagrada tem seu presente e seu futuro ancorado também na vida dos que nos
precederam, que viveram com sonho e paixão o chamado do Senhor a servi-lo em
uma situação e em um tempo concreto. De maneira especial, na memória daqueles
homens e mulheres carismáticos a quem o Espírito agraciou com o dom de uma nova familia religiosa, para responder a umas
necessidades da Igreja e da sociedade de sua época.
A Teologia da Vida Consagrada tem perante si o desafio
de escrutinar na fonte, na origem dos carismas fundacionais, para desentranhar
o potencial de originalidade e validade que os habita e que os faz partinentes
e necessários em cada momento da história.
O carisma, que nos foi dado gratuitamente e em abundância,
compromete-nos a mudar em coerência e autenticidade, a viver na verdade que
liberta, a pronunciar palavras que estimulam e animam, a estar junto de quem
busca justiça e paz, a comungar com os que creem e a partilhar com aqueles que
lhes custa crer. O carisma que nos dá identidade alcança sua plenitude quando
se encontra com outros carismas e juntos evidenciam o mais típico e original do
Reino: a mesa comum, onde há lugar para todos, a mesa que nos faz Igreja, povo
de Deus.
Assim contribui o Papa:
Ninguém contrói
o futuro isolando-se, nem somente com suas próprias forças, mas reconhecendo-se
na verdade de uma comunhão que sempre se abre ao encontro, ao diálogo, à
escuta, à ajuda mútua e nos preserva da doença da autorreferencialidade.
A vida consagrada está chamada a buscar uma sincera
sinergia entre todas as vocações na Igreja, começando com os presbíteros e os
leigos, assim como a fomentar a espiritualidade da comunhão, primeiro em seu
interior e, depois, na própria comunidade esclesial e além de seus confins
(Testemunhas da Alegria C.A.)
Confiar em
quem nos conduz:
Constante é a noite e, nela, a
certeza da esperança. Com beleza literária se expressa no livro As Mil e Uma
Noites: “…somente permanece a esperança, a esperarei até que saia o sol”. Temos
que ser como Moisés, que se manteve em pé,como se visse o invisível (Heb
11,27). Era também a experiência de Paulo: a noite vai passando, o dia logo
vem…(Rm 13,12).
Deus não para de criar e recriar,
também o faz na noite, e nessa convicção tem que ser forte a nossa esperança.
O
carisma é criativo, busca sempre caminhos novos… A profecia consiste em
reforçar o institucional, quer dizer, o carisma, na vida consagrada, e não
confundir isto com a obra apostólica. O primeira fica, a segunda passa. O
carisma fica porque é forte (82 A.G. 2013).
Não devemos ter
medo de abandonar os “odres velhos”. Quer dizer, de renovar os costumes e as
estruturas que, na vida da Igreja e, portanto, também na vida consagrada,
reconhecemos que já não respondem ao que Deus nos pede hoje para estender seu
Reino no mundo: as estruturas que nos dão falsa proteção e que condicionam o
dinamismo da caridade; os costumes que nos separam do rebanho ao qual somos
enviados e nos impedem de escutar o grito de quem espera a Boa Notícia de Jesus
Cristo (A.P. CIVCSVA, 2014)
A
esperança deve renascer e, com isso, novas respostas serão feitas, aquelas que
nos permitem repensar-nos ao ritmo do Espírito e da graça.
É
outra lógica, a do Espírito, a que nos leva sempre além do que somos capazes de
calcular ou supor. A que nos situa no lugar do pequeno e nos faz valorizar o
gratuito, celebrar a amizade e cuidar do comunitário. A que nos lança por
caminhos desconhecidos e requer que nos atrevamos à confiança do Reino, da mão
de Deus. É a lógica de quem confía.
E
nesta lógica surge, fruto da construção coletiva, o Horizonte Inspirador da
CLAR. Dividido em três partes:
I.
CONTEXTO
O chamado a ver, escutar e
deixar-nos “afetar” pela realidade. A escutar Jesus nesta hora, e com Ele e
como Ele, caminhar para um novo modo de
ser Igreja, que se deixa transformar para servir como discípula, profeta e
missionária.
Coloquemos o olhar na
realidade social, reconhecendo o complexo deste momento da América Latina,
devido a fenômenos como a corrupção, o fluxo migratório, a pobreza, o tráfico
humano…
Na realidade eclesial: neste
momento em que nos dói e nos indigna, nosso pecado, os reiterativos escândalos
por abusos sexuais, de poder e consciência. Este momento em que constatamos
divisões no interior da Igreja e, nos lábios do Papa Francisco, um chamado
constante à conversão, a superar clericalismos.
Na realidade da Vida
Religiosa, chamada com urgência a recriar-se com a força do Espírito, a não
perder a esperança, a não se curvar aos números, aos indicadores.
Como Vida Consagrada
Latino-americana e Caribenha, renovamos a opão pelas/os excluídas/os do nosso
tempo, manifestando que queremos caminhar come elas/es.
II.
MARCO BÍBLICO
Julgar, discernir, sentipensar. E inspirados nas seis talhas das Bodas de
Caná, seis talhas de interpretação
1.
Vivir com sentido a própria
vocação:
Recuperar
a centralidade evangélica, viver com radicalidade e renovado entusiasmo
nossa consagração para ser testemunhas autênticas no seguimento de Jesus.
Voltar
ao essencial do seguimento de Jesus, a partir da vivência de uma
espiritualidade integrada para que, com base nessa experiência, dinamizemos a
reconfiguração de nossas instituições.
Humanizar os processos comunitários e a formação de maneira
intergeracional, procurando que as Novas Gerações desenvolvam sua vitalidade e
ofereçam seu dom, para ser profecia de alegria e esperança.
Assumir
a formação como dinâmica permanente, que nos dispõe para viver
integralmente em condição de testemunhas, com consciência da vocação
mística, profética e missionária da Vida Religiosa Consagrada.
Continuar
buscando uma nova forma de ser e realizar a missão em comunhão com os leigos
e leigas, tornando-nos com eles família carismática.
Acompanhar
a vida das famílias em seu compromisso e missão educadora para que
cultivem em seu interior, valores, sonhos, experiências sociais e espirituais
que potencializem as relações em todas as direções.
2.
Aprofundar a espiritualidade trinitária:
Continuar,
a partir do Evangelho, em dinâmica de itinerância e saída que contribua
para a nossa humanização e daqueles/as a quem servimos em todos os povos e
culturas.
Reconhecer
as diversas identidades com uma disposição ativa a estreitar relações
interpessoais dialógicas e compassivas.
Assumir
um estilo de vida pobre que confronte a cultura do consumo, do descarte
e da exclusão.
Reconciliar permanentemente todas as nossas relações, para fazer
evidente no mundo a manifestação própria de Deus.
3.
Para um novo modo de ser Igreja:
Aprofundar
o caminho da conversão pessoal e comunitária, especialmente no
relacional, pastoral e ecológico.
Recriar
nosso modo de ser Igreja a partir da Sinodalidade, na dinâmica de
discernimento, contribuindo ativamente nas decisões e na animação das
estruturas eclesiais.
Assumir
as preocupações e buscas da Igreja e nos dispor para implementar as propostas
que nos animem a evangelizar de maneira nova.
Impulsionar
uma experiência litúrgica viva, encarnada e inculturada.
Promover
e formar novas lideranças, especialmente da mulher e dos leigos e leigas
como cidadãos plenos do corpo eclesial.
4.
Renovar a opção pelos excluídos a partir de um olhar
contemplativo da realidade:
Reforçar o
compromisso social, optando cada vez mais por uma evangelização vivida entre os mais pobres, que renove a
esperança.
Favorecer
a formação política e a participação em
instâncias públicas, para que o direito individual e coletivo seja
respeitado.
Impulsionar
a busca da dignidade humana e o bem
comum ao lado das pessoas marginalizadas.
Continuar
desvendando e assumindo a dimensão místico-profética da Vida Religiosa
Consagrada, em resposta ao clamor de Deus nas diferentes pessoas e contextos.
Favorecer
um novo olhar contemplativo, capaz de reconhecer as ameaças que os
atuais sistemas políticos e econômicos repressentam para o Planeta e
possibilitem alianças, participação e compromisso com os defensores da vida, da
paz, da dignidade humana e do bem comum.
5.
Favorecer a ética do
encontro e do cuidado:
Continuar
tecendo redes e relações inter-eclesiais, congregacionais, internacionais,
culturais e geracionais, que explicitem a comunhão e apoiem a solidaridade.
Promover
uma cultura do encontro e do bom tratamento que, a partir do estilo
relacional de Jesus, dê primazia ao humano.
Aprofundar-se
na problemática da cultura do abuso dentro e fora da Igreja, para suscitar
consciência, conversão e novas práticas relacionais.
Gerar
espaços gratuitos pessoais e
comunitários que favoreçam a relação na reciprocidade, o olhar
positivo da vida, o apoio mútuo, e continuar decididamente a festa a serviço da
vida.
6.
Optar pela ecologia integral:
Promover o reconhecimento da sacralidade do criação e a interdependência mútua entre todas as
criaturas.
Favorecer a harmonía pessoal, social e ecológica em defesa da
vida, dos povos e das culturas.
Aprofundar
a conversão ecológica que nos reconcilie, fortaleça na comunhão e que nos coloque respeitosamente
ante os ecossistemas naturais, estimulando o cuidado da vida da casa comum.
Conscientizar de maneira
urgente o compromisso da Vida Religiosa Consagrada de fazer presença na
Amazônia, deixando-nos inspirar por sua riqueza cultural e espiritual.
Como
membros ativos da REPAM, conhecedoras/es dos riscos que corre esta região do
Planeta, as ameaças que pesam sobre ela, os desafios que apresenta, somamos na
busca de alternativas e ações para sua preservação e proteção.
Encher as talhas de Palavra, Vida e Profecia… tudo um
itinerário de oções proféticas que nos animam a viver mais radicalmente nossa
vocação.
III. PROJETAR, ATUAR,
FLUIR
Programas, projetos, estruturas que favorecem a vida e
servir de maneira nova.
Todos somos chamados a fazer vida este Horizonte
Inspirador da CLAR, que não seja letra morta, que se traduza em vida, em
compromisso, em opções concretas em cada um dos lugares onde se desenvolve
nossa vocação.
E termino com Casaldaliga em meus lábios, reconhecendo
que:
É tarde,
porém é nossa hora.
É tarde,
porém é todo o tempo que temos à mão
para fazer o futuro.
É tarde,
porém é madrugada
se insistirmos um pouco.
Obrigado!!!